Sabonete de chuchu com sardinha.

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Tenho visto várias publicações, nas redes sociais, de sabonetes com diferentes ingredientes.

Mas, quero aqui questionar a importante e a função que um sabonete pode ter e o que ele pode propiciar para a pele.

Percebo que muitas pessoas estão colocando de tudo dentro do sabonete, algumas coisas podem ser bem interessantes, outras com funções especificas, outras inertes e sem função alguma e aquelas que podem ser arriscadas. Portanto, NÃO SOU CONTRA adicionar “coisas” no sabonete, mas questiono apenas que saibamos os motivos desta adição.

Aqui, neste texto, vou tratar metaforicamente todas as substâncias adicionadas no sabonete como sendo o “chuchu”. 

Claro que podemos sim aproveitar as vitaminas, ou o poder de hidratação do “chuchu”, desde que saibamos realmente quais são seus efeitos sobre a pele.

Na linha do “quero usar só insumos naturais” podemos correr alguns riscos, tais como usar uma planta que provoque alergia, uma fruta ou legume que oxide e produza substâncias (bactérias??) nocivas para a pele, uma erva que pode ser excelente para cólica renais, mas que na pele é totalmente inerte, etc.

Muitas vezes fugimos de colocar sintéticos no sabonete, mas colocamos “chuchu” que pode decompor e produzir várias substâncias, que teoricamente são “naturais”, mas nem por isso são benéficas para a pele. Ou seja, nem todo sintético é ruim e nem todo natural é bom.

Não sou contra o uso de produtos naturais, muito pelo contrario, mas sempre tento responder a pergunta: Para que vou colocar isto no meu sabonete?

Caso a resposta não seja precisa, prefiro não arriscar e não colocar o “chuchu com sardinha”.

Outras questões que devem ser pensadas e analisadas são: 

  • Quanto tempo o “chuchu” vai durar dentro do meu sabonete sem oxidar ou decompor?
  • Caso o “chuchu” decomponha ele vai produzir alguma substância química (ou bactéria??) que possa prejudicar a pele?
  • Posso usar algum antioxidante ou conservante para que o “chuchu” dure por mais tempo? Qual o prazo de validade do meu sabonete quando eu coloco o “chuchu”?

Ah! Mas milenarmente o “chuchu” é usado no sabonete e não provocou nenhuma reação nas pessoas, sem contar que ele deixa a pele muito mais macia.  Perfeito, então você tem as respostas que questiono acima, conhece a função, sabe o motivo de usar e tem certeza que não traz nenhum problema cutâneo, então continue usando o seu “chuchu”, sem nenhum problema.

Portanto, o problema não é usar ou não o “chuchu” e sim saber os motivos de usá-lo.

O problema não é ser “natureba” e sim com o que você quer ser “natureba”.

Enfim, este pequeno e breve texto tem apenas um objetivo, que é fazer você refletir sobre o “chuchu” que está colocando em seu sabonete, de tal forma que você se questione sobre qual a sua função, qual os possíveis danos se ele decompor e/ou se oxidar e qual a validade que seu sabonete terá quando você adicionar “chuchu com sardinha”.

Respondida todas estas questões satisfatoriamente, perfeito……continue colocando “chuchu” em seu sabonete sem nenhum problema e sucesso nas vendas dele.

Prof. Dr. Nilbo Nogueira

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Ervas nos sabonetes. Colocar ou não?

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A primeira pergunta a fazer é: Por qual motivo queremos a erva no sabonete, para enfeitar ou para compor um efeito fitoterápico? 

Caso seja propiciar um efeito fitoterápico, saiba que ervas na parte superior do sabonete sairão na primeira esfregada e não vão produzir praticamente nenhum efeito desejado.

Outra opção seria colocar as ervas na massa do sabonete, de tal maneira que elas ficassem incorporadas a ele.

Neste caso temos que considerar alguns pontos, tais como:

  • A erva soltará seus ativos no sabonete de tal maneira que eles produzam algum efeito na pele? 
  • Haverá solvente suficiente e em condições adequadas para que ocorra a maceração da erva e a respectiva extração dos ativos?
  • O aspecto visual da erva, depois de um tempo, no meio do sabonete será interessante? Pois, raras são as ervas, como a calêndula, que não “mancham” a massa do sabonete, algumas ficando inclusive com aspecto de embolorado, ou no caso da alfazema com aparência de “cocô de rato”.

Uma coisa é certa, se quisermos aproveitar os efeitos “fitoterápicos” propiciados por uma erva, o mais adequado é que usemos o seu extrato, tintura, oleato, chá, etc., pois nestes casos temos solventes e condições mais adequadas de solubilizar (extrair) as propriedades da erva em um meio liquido.

Importante destacar que colher a erva fresca, triturar, e colocar no meio da massa do sabonete (para não termos pedaços grandes) é quase certo que ela irá embolorar por conta da sua umidade (água existente na planta), bem como também não é aconselhado a elaboração de extratos e oleatos com ervas não desidratadas, pelo mesmo motivo, ou seja, meio propício à formação de bolor.

Quer preparar um extrato ou oleato? OK, utilize apenas ervas muito bem desidratadas.

A outra situação seria utilizarmos as ervas apenas como enfeite e neste caso, temos também que tomar algumas precauções. A citação a seguir se refere ao uso da flor de camomila e é um texto retirado da apostila do curso: Formulação, preparação e design de sabonetes glicerinados – de autoria de Nilbo Nogueira.

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Tome muito cuidado em separar a camomila, retirando todos os cabos, pois eles podem arranhar e até machucar a pele, pois são duros. Este alerta serve para qualquer outro sabonete que queira utilizar ervas, tome sempre muito cuidado com o cabo, o tipo de folha ou flor. 

Muitas vezes achamos que por ser uma erva, que por estar seca e quebradiça não terá problemas em ser colocada no sabonete, mas uma simples folhinha de alecrim pode fazer um estrago na pele. 

Nem tudo pode ou deve ser utilizado para enfeitar, pois as funções já estão nos extratos. Já vi pessoas colocando cravos dentro do sabonete e quando questionei se não machucava, ela respondeu que era para fazer esfoliação, quando na realidade este deve ser um sabonete que faz “esfolação” na pele.

As fotos a seguir demonstram o cuidado em separar cabos e flores, no caso da camomila.

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Então, ervas, flores, raízes podem ser excelentes aliados na formulação dos sabonetes, desde que tenhamos bom senso em seu uso e não tentemos fugir do clássico e o comprovado, que é o uso dos aditivos extraídos da planta, os quais se encontram nas formas de extratos (preferencialmente glicerinado), tinturas,  oleatos ou outras técnicas de extração.

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Lauril, é realmente um inimigo oculto?

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O lauril  sulfato de sódio (LSS) é surfactante/tensoativo utilizado em vários cosméticos (shampoo, pasta de dente, sabonetes, etc.) e produtos de limpeza (sabões e lava louça).

Possui a propriedade detergente que remove gorduras e óleos da superfícies em questão (pele ou área a ser limpada), bem como a propriedade considerada a mais importante que é a espumógena.

E, é exatamente por produzir bastante espuma, que dá a falsa sensação de estar limpando, quando na realidade não é ele o agente, do produto em questão, que produz a limpeza em si.

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Mas por qual motivo ele é tão combatido?

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Existe a especulação que ele é cancerígeno, porém não há nenhuma comprovação científica (reconhecida pela ANVISA) que realmente isso seja verdade.

Em contrapartida, estudos demonstram que ele pode provocar alergia e irritações na pele de algumas pessoas, considerando os fatores: frequência, local de aplicação e principalmente as altas concentrações. Tais estudos consideram altas concentrações os valores acima de 5%.

Pesquisas comprovam que cabelos mergulhados em LSS 5% perdem proteínas do fio, quando comparados na imersão em água.

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Então um surfactante é sempre ruim?

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Nem sempre, pois os sabonetes naturais, feitos pelos métodos Cold e Hot também englobam a moléculas de gordura e sujeiras e as levam embora, o que tecnicamente é o que um surfactante faz, com a diferença da forma e do reagente que realiza este processo.

Enquanto um é sintético e agressivo (LSS)  dependendo da concentração, o outro (sabonete) é natural e produz uma ação umectante e hidratante proporcionada pela glicerina, pelos óleos utilizados e aqueles que são adicionados a mais no processo de saponificação (superfat).

Desta forma, podemos entender o motivo que os sabonetes naturais não precisam de lauril e mesmo assim produzem muita espuma, pois em si já agem (pelo menos tecnicamente) como surfactantes.

Na preparação dos  sabonetes glicerinados, feitos com bases industrializadas, estas são compostas por vários produtos e dependendo da sua formulação “precisam” da adição do surfactante, no caso o lauril, para promover a espuma.

O que NÃO significa que sabonetes glicerinados (feitos por Melt and Pour) são piores ou melhores que os naturais, mas que por exigência dos consumidores que querem ESPUMA, acabam tendo o lauril acrescido em sua formulação.

Usar ou não usar o Lauril?

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Obviamente temos que entender os prós e contras  para decidirmos se usaremos em nossos produtos ou em nosso próprio corpo.

Leve em consideração que o LSS pode provocar alergia, mas lembre-se que estudos químicos comprovam que isso ocorre quando utilizado com frequência, em um mesmo local e em concentrações acima de 5%.

Leve em consideração que ele pode ser cancerígeno, mas lembre-se que não existe estudos que comprove esta tese.

Leve em consideração que toda esta espuma pode causar problemas ambientais, mas lembre-se que o lixo que você produz também causa sérios problemas ao meio ambiente.

Caso você produza e venda sabonetes, leve em consideração que se eles não fizerem espuma não serão aceitos pelos clientes, mas lembre-se que eles não precisam se afogar em tanta espuma formada por conta do volume de LSS que você utiliza em sua formulação.

Caso seja apenas um consumidor, opte pelos produtos que possuem a menor concentração de lauril, o qual pode aparecer nos rótulos também com alguns dos seguintes nomes: lauril éter sulfato de sódio, lauril éter sulfonato de sódio, sodium lauryl sulfate, sodium lauryl ether sulfate e sodium laureth sulfate.

Quanto a concentração, saiba que os componentes que aparecem primeiro, no rótulo de segurança, são os de maiores quantidades e os que aparecem no final, são os de menores quantidades. Então, veja em que ordem está o Lauril na etiqueta para saber se existem uma alta ou baixa concentração dele no produto.

Importante saber também que existem outras opções, ou seja, existe o Lauril vegetal que é natural, menos agressivos, porém com menor poder espumógeno.

Mas, fuja das opções de Lauril caseiro apresentadas no Youtube que ensinam usar detergente de cozinha ou shampoo para fazer espuma, mas saiba que estes dois produtos fazem espuma por conterem o Lauril.

Enfim, leia mais, estude mais e faça suas opções, sem extremismo. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, lembre-se que a diferença entre o remédio e o veneno é a quantidade.

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Bibliografia:

Horita et al. “Effects of different base agents on prediction of skin irritation by sodium lauryl sulfate using patch testing and repeated application test”.

Wagner, Rita de Cássia Comis. “Degradação do cabelo decorrente do tratamento contínuo com lauril sulfato de sódio e silicone”. Dissertação (mestrado). Campinas: Universidade Estadual de Campinas/Instituto de Química, 2003.

Óleos essenciais versus essências sintéticas nos produtos de enxágue.

Pretendemos nesta pequena matéria indicar prós e contras do uso tanto dos óleos essenciais como das essências sintéticas na aromatização dos sabonetes. Sem defender nenhuma das linhas, faremos apenas o papel de “advogado do diabo” com o objetivo de provocar reflexões e um posicionamento consciente, que cada um terá o direito de ter.

No caso dos óleos essenciais vamos encontrar duas linhas, sendo uma delas os que são favoráveis ao seu uso nos sabonetes (ou produtos de enxágue), pois seu aroma, bem como seu contato com a pele pode trazer vários benefícios terapêuticos (físico, psicológico, emocional, espiritual, etc.).

No outra lado vamos encontrar aqueles que colocam o problema da extração, onde toneladas de uma planta são necessárias para produzir alguns poucos mililitros de óleo essencial.

Seguindo esta linha de raciocínio, muitas áreas verdes podem estar sendo desmatadas para o cultivo de determinadas plantas, as quais serão extraídas os óleos essenciais. Teríamos então uma questão ambiental a ser considerada.

Para estas mesmas pessoas que são contra o uso de óleos essenciais nos sabonetes (ou produtos de enxágue) há a alegação de que ele ficará apenas alguns poucos segundos na pele, que pode não ser suficiente para acarretar nenhuma ação terapêutica efetiva.

Já os defensores vão dizer que mesmo ficando pouco tempo na pele, seu aroma pode ser absorvido e produzir efeitos terapêuticos. Para a mesma questão, os que são contra vão dizer que se o aroma faz efeito, então não precisa usar o sabonete e sim apenas cheirá-lo.

No meio desta polemica discussão entre prós e contras, vamos encontrar um grande grupo que não quer discutir (ou não tem argumento para tal) e utiliza o óleo essencial apenas enquanto aromatizador do sabonete, como uma “essência” que pode ser chamada de natural.

Para estes usuárias de óleo essencial enquanto “essências naturais”, vamos ver os dois grupos anteriores (os prós e os contras) se unindo para alertar sobre os possíveis efeitos que esses “aromas naturais” podem acarretar nas grávidas, nas crianças, em hipertensos, nos autistas, etc.

Portanto, prós ou contras, uma coisa eles concordam, que para seu uso é preciso conhecer, ter formação em aromaterapia para poder utilizar estes óleos, não apenas como “essências”, mas sabendo dos seus possíveis efeitos físicos, psicológicos, emocionais, etc.

Não basta apenas querer utilizar o óleo essencial para ser politicamente correto e produzir um sabonete NATURAL, onde até o “natural” é questionável, pois na sua composição existe uma água que foi tratada (tem cloro, flúor e outros minerais não necessariamente naturais), foi utilizada uma soda cáustica 97% (onde existem 3% de impurezas não naturais), onde utilizamos os óleos vegetais muitas vezes sem laudo e que não temos garantia de que são 100% puros (as impurezas são do que?), assim como os corantes (óxidos) e as argilas também podem ter impurezas.

Então devemos ou não utilizar os óleos essenciais nos sabonetes?

Depende de seus objetivos, pois se for para aromatizar e você não conhecer os efeitos, está correndo um risco, mas se for para ser terapêutico, cada fatia de sua barra precisará ter um tipo de óleo para atender as necessidades físicas, emocionais e psicológicas específicas de cada um dos seus clientes, pois o mesmo óleo essencial não servirá para os diferentes problemas.

E assim, caímos novamente no óleo essencial enquanto essência natural, para quem não conhece aromaterapia e quer dar apenas um cheirinho gostoso em seu sabonete.

No outro extremo vamos encontrar as essências, sintéticas, com ou sem ftalatos, que podem  (ou não) causar alergias.

Alguns vão dizer que, com essas essências sintéticas não produziremos nenhum efeito terapêutico e outros vão aplaudir e dizer que isto é ótimo, pois sabonete não é remédio, e se assim fosse faríamos um chá  com ele e sararíamos mais rapidamente.

Ah, mas não é natural!!

Verdade, não é natural, assim como os remédios que tomamos, os alimentos com agrotóxicos que consumimos, o refrigerante que bebemos, as comidas com corantes artificiais, a pizza à portuguesa com ervilhas, presunto e queijo lotados de conservantes artificiais, etc.

Não é natural, mas com certeza muito mais natural do que o Lux, o Dove e outros.

Enfim, essências sintéticas não são naturais e podem ser prejudiciais à saúde, tal qual um óleo essencial (usado incorretamente) também pode ser prejudicial à saúde de alguns.

O importante, mais do que sair brigando, xingando e tomando partido é ler, estudar, entender e ai sim tomar uma posição de como você vai (ou não) aromatizar seu sabonete. 

Essência ou óleo essencial? Saiba defender com argumentações coerentes e conceituais e decida o que vai adicionar em seu sabonete.

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