Quanto usar de ativos nos sabonetes?
Tenho percebido uma pergunta recorrente nos grupos de saboaria que é:
“Meu sabonete ficou mole, ele não endurece, ficou borrachudo. O que fiz de errado?”
Creio que foi criado uma cultura de adição exagerada de ativos (ou aditivos) nos sabonetes para melhorá-lo.
Aqui temos que questionar: Qual a diferença entre adicionar 30ml ou 90 ml do extrato X, se nem sabemos a concentração dele (concentração do que??) e qual é exatamente o ativo químico/fitoterápico existente nestes volumes?
A cultura criada é de que quanto mais colocar melhor fica. É bom lembrar que a diferença possível entre um remédio e o veneno é a quantidade.
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Vendedores de insumos induzem seus seguidores de que é preciso colocar muito, mas muito ativos para que o sabonete fique bom e aqui vale salientar de que, se o sabão (ou a base glicerinada) foi bem formulada e bem balanceada, com óleos de excelência, teoricamente não precisaríamos adicionar mais nada nele.
Fico sempre imaginando que se escolhemos os melhores óleos para determinados fins, já vamos ter um sabão/base que sozinha já atenderá nossos objetivos, podendo eventualmente ser adicionado um pouco (disse um pouco) de ativos para potencializar algumas das propriedades desejadas.
Parece óbvio que se tiver que colocar 150 ml de uma essência, significa que ela não é boa, pois com apenas 50 ml ela já deveria cumprir o seu papel, a não ser que a base tenha tanto cheiro ruim (as vezes de sebo animal) que é preciso colocar exageradamente a essência para cobrir este odor e não para perfumar o sabonete.
Da mesma forma fico imaginando que se preciso colocar um exagero de surfactante (leia-se lauril) é pelo simples fato de que meu sabão (ou base glicerinada) não está fazendo espuma suficiente, ou seja, não foi formulada adequadamente, pois o sabão naturalmente já faz espuma.
No máximo poderíamos colocar um pouco de um surfactante mais suave, que não agrida a pele e olhos como, por exemplo, o anfótero, mas isso seria mais no caso de uma base glicerinada, que por conter álcool diminui a espumaçao, diferentemente de um sabão natural que nem de um surfactante secundário precisaria.
Fico assustado quando vejo a “receita” (sabonete não é bolo, portanto não tem receita e sim fórmula) que indica colocar 90 ml de um extrato vegetal. Por qual motivo 90 ml e não 30ml? Como e quem sabe informar a concentração da substância “X” existente neste extrato, contida em 90 ml e não em apenas 30 ml? Inclusive, alguém sabe dizer qual é esta substância “X” que existe neste extrato?
As “receitas” da Internet caminham cada vez mais para o exagero descabido de adição de ativos nos sabonetes, a ponto de que eles fiquem moles, borrachudos, não endureçam e daqui mais um tempo, se continuarem aumentando as quantidades de ativos, os sabonetes vão ser líquidos!!
Então se você precisar colocar 100 ml de essência em seu sabonete, meu conselho é: troque de essência, pois esta não é boa e não está cumprindo seu papel de aromatizar o sabonete. Excessos de essência podem agredir e irritar a pele.
Da mesma forma devemos evitar este exagero na adição de extratos, surfactante (a exemplo do lauril) , manteigas e também de óleos, pois o sabão já foi elaborado com eles.
Portanto, não sou contra adição de ativos (essências, extratos, manteigas, etc.) no caso de sabonetes preparados por Hot Process. Da mesma forma, não tenho nada contra usar aditivos nas bases glicerinadas (extratos, essência, surfactantes, manteigas, etc.) pois, por não sabermos a composição (no caso de bases industriais) precisamos fazer complementações, desde que não sejam exageradas ou que atrapalhem a consistência do sabonete final.
Lembre-se que exageros de aditivos terá um efeito além de deixar seu sabonete mole e borrachudo que é fazer com que seu cliente tome banho usando aditivos misturados ao sabonete e não sabonete que contenha aditivos funcionais.
Prof. Dr. Nilbo Nogueira
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