Óleos essenciais versus essências sintéticas nos produtos de enxágue.
Pretendemos nesta pequena matéria indicar prós e contras do uso tanto dos óleos essenciais como das essências sintéticas na aromatização dos sabonetes. Sem defender nenhuma das linhas, faremos apenas o papel de “advogado do diabo” com o objetivo de provocar reflexões e um posicionamento consciente, que cada um terá o direito de ter.
No caso dos óleos essenciais vamos encontrar duas linhas, sendo uma delas os que são favoráveis ao seu uso nos sabonetes (ou produtos de enxágue), pois seu aroma, bem como seu contato com a pele pode trazer vários benefícios terapêuticos (físico, psicológico, emocional, espiritual, etc.).
No outra lado vamos encontrar aqueles que colocam o problema da extração, onde toneladas de uma planta são necessárias para produzir alguns poucos mililitros de óleo essencial.
Seguindo esta linha de raciocínio, muitas áreas verdes podem estar sendo desmatadas para o cultivo de determinadas plantas, as quais serão extraídas os óleos essenciais. Teríamos então uma questão ambiental a ser considerada.
Para estas mesmas pessoas que são contra o uso de óleos essenciais nos sabonetes (ou produtos de enxágue) há a alegação de que ele ficará apenas alguns poucos segundos na pele, que pode não ser suficiente para acarretar nenhuma ação terapêutica efetiva.
Já os defensores vão dizer que mesmo ficando pouco tempo na pele, seu aroma pode ser absorvido e produzir efeitos terapêuticos. Para a mesma questão, os que são contra vão dizer que se o aroma faz efeito, então não precisa usar o sabonete e sim apenas cheirá-lo.
No meio desta polemica discussão entre prós e contras, vamos encontrar um grande grupo que não quer discutir (ou não tem argumento para tal) e utiliza o óleo essencial apenas enquanto aromatizador do sabonete, como uma “essência” que pode ser chamada de natural.
Para estes usuárias de óleo essencial enquanto “essências naturais”, vamos ver os dois grupos anteriores (os prós e os contras) se unindo para alertar sobre os possíveis efeitos que esses “aromas naturais” podem acarretar nas grávidas, nas crianças, em hipertensos, nos autistas, etc.
Portanto, prós ou contras, uma coisa eles concordam, que para seu uso é preciso conhecer, ter formação em aromaterapia para poder utilizar estes óleos, não apenas como “essências”, mas sabendo dos seus possíveis efeitos físicos, psicológicos, emocionais, etc.
Não basta apenas querer utilizar o óleo essencial para ser politicamente correto e produzir um sabonete NATURAL, onde até o “natural” é questionável, pois na sua composição existe uma água que foi tratada (tem cloro, flúor e outros minerais não necessariamente naturais), foi utilizada uma soda cáustica 97% (onde existem 3% de impurezas não naturais), onde utilizamos os óleos vegetais muitas vezes sem laudo e que não temos garantia de que são 100% puros (as impurezas são do que?), assim como os corantes (óxidos) e as argilas também podem ter impurezas.
Então devemos ou não utilizar os óleos essenciais nos sabonetes?
Depende de seus objetivos, pois se for para aromatizar e você não conhecer os efeitos, está correndo um risco, mas se for para ser terapêutico, cada fatia de sua barra precisará ter um tipo de óleo para atender as necessidades físicas, emocionais e psicológicas específicas de cada um dos seus clientes, pois o mesmo óleo essencial não servirá para os diferentes problemas.
E assim, caímos novamente no óleo essencial enquanto essência natural, para quem não conhece aromaterapia e quer dar apenas um cheirinho gostoso em seu sabonete.
No outro extremo vamos encontrar as essências, sintéticas, com ou sem ftalatos, que podem (ou não) causar alergias.
Alguns vão dizer que, com essas essências sintéticas não produziremos nenhum efeito terapêutico e outros vão aplaudir e dizer que isto é ótimo, pois sabonete não é remédio, e se assim fosse faríamos um chá com ele e sararíamos mais rapidamente.
Ah, mas não é natural!!
Verdade, não é natural, assim como os remédios que tomamos, os alimentos com agrotóxicos que consumimos, o refrigerante que bebemos, as comidas com corantes artificiais, a pizza à portuguesa com ervilhas, presunto e queijo lotados de conservantes artificiais, etc.
Não é natural, mas com certeza muito mais natural do que o Lux, o Dove e outros.
Enfim, essências sintéticas não são naturais e podem ser prejudiciais à saúde, tal qual um óleo essencial (usado incorretamente) também pode ser prejudicial à saúde de alguns.
O importante, mais do que sair brigando, xingando e tomando partido é ler, estudar, entender e ai sim tomar uma posição de como você vai (ou não) aromatizar seu sabonete.
Essência ou óleo essencial? Saiba defender com argumentações coerentes e conceituais e decida o que vai adicionar em seu sabonete.
Prof. Dr. Nilbo Nogueira
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