Quanto mais aditivos/ativos melhor!?!?
Vivemos a crença do “Quanto mais aditivos ou ativos no sabonete, melhor ele fica!!”.
Influenciados pelos vídeos do Youtube, pelas “receitas” (quem tem receita é bolo, sabonete tem fórmula) disponíveis na Internet, pelas opiniões de usuários de grupos de saboaria, etc. cada vez mais vemos, algumas pessoas que estão iniciando na saboaria, acreditando piamente que a qualidade do sabonete está diretamente relacionada com o excesso descabido de aditivos.
Quanto mais aditivos colocar melhor, mesmo que depois seu sabonete fique mole, borrachudo e que gaste inteiro em meio banho.
Se posso colocar 100 gramas de Lauril e conseguir a mesma espuma que conseguiria um 50 gramas, prefiro colocar 100 gramas para gastar o dobro (de lauril e de custos) mesmo que isso possa ressecar a pele do meu cliente, provocar alergia e matar mais plânctons nos rios. Ah!! 100 gramas é mais legal que 50 gramas…….oi!?!
Se posso colocar bastante óleos e manteigas a ponto de deixar meu sabonete engordurado e não cumprir seu papel principal que é limpar, além de cortar a espumação (sim, óleos e gorduras cortam a espumação) por que colocar pouca gordura?
Mesmo sabendo que a espuma vai diminuir, não tem problema, pois é só colocar mais Lauril que recupera a espuma. Neste caso podemos usar 150 gramas de Lauril então……que tal?
Coloco óleo para umectar a pele e formar uma película protetora que ajudará a pele permanecer hidratada e junto coloco mais lauril (ele é um detergente) que pode arrancar a oleosidade natural da pele e mais este outro óleo que coloquei para “hidratar”. Qual é a lógica disto?
Agora chegou a hora da essência, hummmmm quanto mais cheiroso o sabonete melhor é, pois sabonete bom são os cheirosos. Que tal passar de 50 gramas de essência para 100 gramas ou quem sabe um blend (mistura) de 3 essências totalizando 150 gramas?
Podemos notar frases e pensamentos como este a seguir:
“Sinto o cheiro da essência no banho, mas depois que saio do banho o cheiro não fica no meu corpo e sou obrigado a usar um perfume. Por este motivo gosto de usar bastante essência, até 3 vezes mais que as “receitas” da Internet para tentar deixar o cheiro no corpo até o final do dia. Por este motivo coloco mais essência mesmo sentindo que ela me provoca coceiras.”
Mais uma crença e falta de conhecimento e estudo sobre a saboaria, pois sabonete não é perfume e seu cheiro não vai ficar na pele o dia inteiro, para isto inventaram os perfumes que cumprem este papel.
Por sinal, quando lerem “SABOARIA NATURAL” e indicarem uso de essência, saibam que essência não é natural e este sabão ou saboaria não será natural!!
E agora chegou a vez dos extratos glicerinados, talvez um dos aditivos mais importantes de um sabonete funcional, mas que é deixado de lado, tipo: “Coloca ai um pouquinho de extrato, qualquer um que tiver em casa”.
Talvez os extratos fitoglicerinados possam ajudar na funcionalidade do seu sabonete, e SEM EXAGEROS deve sim ser utilizado e escolhido a dedo, de acordo com a função e objetivo que pretende dar ao seu sabonete.
E, para finalizar, não escolha a sua base glicerinada de acordo com a marca que aceita mais aditivos, pois como tentei demonstrar aqui, não é a quantidade que dará a qualidade ao seu sabonete.
Use uma marca de base que você se adeque melhor, que seja mais fácil de trabalhar e não aquela que aceita os absurdos e desnecessários excessos de aditivos, que não vão melhorar seu sabonete, mas no máximo deixa-los mais moles, mais caros e que gastam mais rapidamente.
Sucesso!!
Prof. Dr. Nilbo Nogueira
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Por fim, assista ao vídeo para conhecer mais dos cursos, seus materiais, videoaulas e dinâmicas.
Assim, conheça também o canal no Youtube: Minutos de saboaria do Prof. Nilbo Nogueira
Excelente explicação sobre a quantidade de aditivos / ativos .
Parabéns professor pela bela aula .
Obrigado Ewerton 👍
Infelizmente, muitos “especialistas” formados no youtube preferem o empirismo que bons livros, cursos ou apostilas sobre o assunto antes de aventurarem-se nos mundos de conhecimento técnico especializado.
Pode ser ruim para o segmento da saboaria no que tange a dificultar a comercialização depois de uma experiência mal sucedida de um consumidor, mas abre portas para o “consultor” do segmento que pode agregar todo o conhecimento a suas estratégias de marketing de posicionamento, diferenciação, experiência e fidelização transformando a venda em mais do que entregar um simples produto.
João,
As vezes conhecimento técnico, química, marketing e venda não cabem tudo na mesma panela.
Infelizmente o iniciante na arte da saboaria não sabe separar o joio do trigo.
Sem estudo e conhecimento não se caminha na saboaria, pois ela é química e não apenas mistura de “colheradas”……
Quem paga?? Saboeiros iniciantes e consumidores finais!!
Nilbo
adoro ver como estamos alinhados em tantas informações importantes para que o sabão natural seja VERDADEIRO, que limpe com suavidade (a real e única função dele) e não objeto de decoração ou perfumador de gavetas. Rezo por mais produtos naturais verdadeiros, por mais fórmulas enxutas e não inchadas, cumprindo a sua função com a quantidade exata de matérias primas naturais, pensando em sustentabilidade e respeito pela Natureza. Muito bom ter você defendendo a causa, Nilbo! Obrigada!
Querida Beth obrigado pela visita em meu Blog.
Me inspiro em você, na sua saboaria natural e sustentável.
Sonho um dia ver todos os saboeiros fazendo sabão e não mistureba de insumos desnecessários.
Grande abraço,
Nilbo